terça-feira, 3 de julho de 2012

O POVO QUER PÃO E CIRCO!

Por Tuane Vieira
Atriz, Dramaturga, rodriguiana e membro do Teatro da Neura
Twitter: @centavieira




A gente quer comida, diversão e ballet. Foi com esse espírito que a 35º Marcha da População pelo Teatro, Música e Artes Gerais assumiu a antiga Avenida Paulista, atual Avenida Gianfrancesco Guarnieri, com mais de 35 milhões de pessoas. As cidades do entorno de São Paulo, região Metropolitana e Interior ficaram vazias; todos estavam na manifestação. Os carros foram deixados no meio da avenida e os motoristas gritavam palavras de ordem como “1,2,3,4, 5, mil, QUEREMOS CHICO BUARQUE PRESIDENTE DO BRASIL”. Na ordem do dia, questões como o aumento das temporadas teatrais, ingressos baratos demais que não se relacionavam com a alta renda do paulistano, o aumento da produção de livros (que já subiu 73,5% no ano anterior), a falta de lojas de CD’s na cidade, entre outros.
O povo quer dizer ao Governo do Estado de SP que a quantidade de teatros bem equipados não é suficiente para atender a demanda de espectadores. Hoje, no estado, dos 568 teatros, TODOS estão com ingressos esgotados e as filas de espera atingem a impressionante marca de 6 meses. Isso com ingressos a 60,00. Desde a perda de audiência das novelas da TV Globo e o falecimento de horários nobres como “as das 8” e “as das 7”, os atores não querem mais saber de TV. Os cursos especializados em interpretação pra TV tiveram que se especializar na linguagem teatral pura, tendo alguns charlatões, inclusive, jurado que conseguem dar aula “recebendo” espíritos de mestres do Teatro Mundial como Shakespeare, Stanislavisky e Brecht.
Os atores, por sua vez, não estão de todo contentes com essa situação. O Sindicato Verdadeiro dos Atores (aquele que derrubou o Sated e a sua presidente eterna há 25 anos numa luta com espadas de sabre) diz que há relatos de artistas trabalhando mais de 14 horas por dia, indo contrário a resolução da Lei que proíbe artistas de trabalharem mais de 12 horas. Mesmo com os melhores salários, carros do ano e casas em Alphaville, atores e atrizes clamam por férias. Mesmo assim, escolas técnicas e Universidades não param de formar artistas teatrais, sendo o Teatro a carreira mais procurada, seguida por música e Medicina Veterinária no Vestibular da Universidade Paulo Autran (antiga USP). Há mercado para todos eles e as futuras produções clamam por novos e descansados rostos.
A população espera ser atendida em sua solicitação, e líderes da manifestação temem por greve geral caso as demandas não sejam atingidas. Mães temem pela formação do senso crítico de seus bebês caso não tenham acesso as salas teatrais. Qual será o futuro da maior metrópole do Brasil, se não cuidarmos dos nossos? Fica a pergunta. Essa que vos fala espera que esse assunto seja resolvido rapidamente, pois não dá pra ficarmos reféns do excesso de procura para a cultura.



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